4 de jun. de 2012

Resenha - Garotas de Vidro

Garotas de Vidro
Laurie Halse Anderson
Editora Novo Conceito

Sinopse: Lis está doente e sua obsessão pela magreza a deixa cada vez mais confusa entre a realidade e a mentira. Mas ela perde totalmente o controle quando recebe a notícia de que sua melhor amiga, Cassie, morreu sozinha em um quarto de motel. E o pior: Cassie ligou para Lia 33 vezes antes de morrer. Trinta e três vezes.
O que começou como uma aposta entre duas amigas para ver quem ficaria mais magra tornou-se o maior pesadelo de duas adolescente reféns de seus próprios corpos.
Ao negar seu problema, Lia impõe a si mesma um regime cruel em que contar calorias não é o bastante. Ao omitir seu desespero, apela ao autoflagelo numa tentativa premeditada de aliviar seus tormentos. Seus pais e sua madrasta tentam ajudá-la a qualquer custo, mas nem mesmo sua doce irmã, Emma, consegue fazer com que Lia pare de se destruir.
Agora, Lia precisa encontrar um modo de lidar com todos os seus fantasmas, e a morte de Cassie é um deles.

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Imagine-se, ao receber esse livro, ser conquistado(a) primeiro pela capa. Normal, não? Sem saber do que se trata, apenas instigado(a) pela capa do livro resolve começar a ler.E ao terminar a leitura seu coração passou por várias fases: primeiro se estraçalhou em um trilhão de pedacinhos, foi remendado, destroçado novamente e por último, pisado, até não restar nada além da lembrança. 
E ao dizer isso eu não estou exagerando.
Laurie descreve tão bem tudo o que se passa na cabeça de Lia, que eu cheguei a me sentir aflita durante a leitura. Os sentimentos da personagem principal, que é também a narradora, são praticamente tangíveis, como se todo aquele sofrimento estivesse acontecendo comigo. 
No começo do livro Lia realmente torturasse por não ter atendido as 33 ligações de sua melhor amiga.
Além disso, Lia controla cada caloria que ingere, e é possível perceber quanto o quadro de anorexia da personagem é grave.

"Pego um pãozinho integral (96) da cesta e duas couves-de-bruxelas amanteigadas (35), apesar de odiá-las."
Página 65.
Além é claro, da tortura auto-imposta por Lia, afinal sua amiga, antes da morte, a ligou 33 vezes e ela não atendeu. Lia realmente usa esse argumento como tortura durante uma boa parte do livro.

"Bem que eu queria saber vomitar. Eu tento, tento, tento, mas não consigo. O cheiro me assusta e minha gartanta se fecha e eu simplesmente não consigo.
***
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19.
                        20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33."
Página 35.

E tudo isso começou porque Cassie foi a um acampamento da turma de teatro, e lá as outras garotas a ensinaram que vomitar depois de comer é bom porque não engorda.
Lia aprendeu rápido, mas como não conseguia vomitar, controlava rigorosamente a quantidade de calorias que ingeria, afim de não engordar. Além, é claro, de praticar exercícios físicos até seus músculo não aguentarem mais.
Na tentativa de ajudar sua filha, os pais de Lia a internaram duas vezes em uma clínica de reabilitação, mas não deu muito certo. Mesmo lá dentro, a garota encontrou companheiras para sua dieta e maratona de exercícios.
Ao longo do livro, percebemos o quanto a vida que Lia leva contribuiu para que ela chegasse a esse ponto, afinal, sua mãe dedica a vida ao hospital onde trabalha e o pai é focado demais em seu trabalho para se dar conta dos problemas de sua filha. A todo momento eu não parava de pensar se não era evidente para os pais de Lia que ela estava praticamente definhando? Sua madrasta a pesava toda semana. Mesmo com Lia adulterando a balança, não dava para ver que ela estava perdendo muito peso? Seria negligência da parte de sua família?
O único "apoio" - se é que posso chamar assim - que Lia encontrava era um blog, onde garotas buliminas e anoréxicas expressavam seu sentimentos. Mas não era um apoio positivo, que as incentivava a procurar ajuda. Era uma espécie de apoio negativo, que as incentivava a continuar com dietas mirabolantes.

"O que todo mundo acha que é o mínimo de dias
para perder 11 quilos?
***
***
Tento manter minha ingestão de calorias sob 500.
Qualquer coisa a mais é inaceitável.
***
***
Mucho amor! Fiquem fortes <333"
Páginas 126 e 127.

Preciso destacar que dessa vez a Novo Conceito acertou. A revisão e a tradução estavam muito bem feitas. E a capa foi mantida. Apesar de que o título não faz muito sentido. O título original era Wintergirls, que poderia ser traduzido como Garotas Geladas ou Garotas Frias. E faria muito mais sentido, pois, garotas com distúrbios alimentares tem uma temperatura corporal muito mais baixa. E justificaria a última frase do livro.

Um livro bastante real, que trás a tona temas pouco abordados na literatura, mas tão presentes na vida de muitas jovens pelo mundo. Garotas de Vidro realmente é um livro tocante.

P.S.: Esse livro me deixou deprimida. Juro. Depois de lê-lo o recomendável é ler um livro bem levinho.

Nota:


3 comentários:

  1. Comecei a ler esse livro mas achei um pouco chato e larguei. Mas depois de ler sua resenha deu vontade de pegar e ler novamente. Acho que precipitei e larguei a história cedo de mais. Gostei muito da sua resenha, assim que puder tentarei ler novamente.

    Abraços
    http://entrepaginasdelivros.blogspot.com/

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  2. Boa resenha, Nathi! Parece ser um livro bem interessante! Recebi seu recado lá no Skoob e já estou seguindo o blog. Deixa seu comentário lá no MúsicaTVetc e segue também.

    Bjs,
    Gabriel. - Música, TV etc.

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  3. Ah, vi seu comentário na resenha de Tinta Perigosa! Obrigado por visitar e seguir o blog. Você é bem-vinda por lá! :)

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