13 de fev. de 2013

Resenha - Destino


Destino

Ally Condie



Editora: Suma de Letras
Ano de publicação: 2011
ISBN: 9788560280810
N° de páginas: 240
Tradutor: Lívia de Almeida
Comprar: Ricardo Eletro/Extra

Sinopse:
Cassia tem absoluta confiança nas escolhas da Sociedade. Ter o destino definido pelo sistema é um preço pequeno a se pagar por uma vida tranquila e saudável, um emprego seguro e a certeza da escolha do companheiro perfeito para se formar uma família. Ela acaba de completar 17 anos e seu grande dia chegou: o Banquete do Par, o jantar oficial no qual será anunciado o nome de seu companheiro. Quando surge numa tela o rosto de seu amigo mais querido, Xander - bonito, inteligente, atencioso, íntimo dela há tantos anos -, tudo parece bom demais para ser verdade.Quando a tela se apaga, volta a se acender por um instante, revelando um outro rosto, e se apaga de novo, o mundo de certezas absolutas que ela conhecia parece se desfazer debaixo de seus pés. Agora, Cassia vê a Sociedade com novos olhos e é tomada por um inédito desejo de escolher. Escolher entre Xander e o sensível Ky, entre a segurança e o risco, entre a perfeição e a paixão. Entre a ordem estabelecida e a promessa de um novo mundo.

Hoje, mais do que nunca, ao se pensar em romances distópicos, o primeiro livro que vem a mente é Jogos Vorazes (resenha), porém, além do triângulo amoroso e do mundo controlado por um governo autoritário, não existem mais semelhanças.

Esperava encontrar uma sociedade desigual, ou no mínimo, a família da personagem principal passando fome. Diferente disso, a Sociedade é bastante igualitária, - até demais - onde todos tem sua comida preparada pelo governo, seu trabalho, seu par e todo o resto  escolhidos pela Sociedade.

A Sociedade é algo seguro e confiável. Tudo que é preciso para se viver bem, é permitir-se ser controlado pelo Governo e pelos Funcionários. Assim, sua vida será feliz e plena, até os 80 anos que é quando você morre, independente das suas condições de saúde.

O Governo controla não só a vida dos cidadãos, mas também a cultura que está a sua volta. Quando a Sociedade foi implementada, foi convocado o Comitê dos Cem, que selecionaram cem de tudo que pode ser considerado cultura. Cem músicas, cem poemas, sem lições de história, cem livros e por aí vai. O resto, foi incinerado, descartado.

"Não entre docemente naquela boa noite,
A velhice deve arder e delirar ao fim do seu dia;
Revolte-se, revolte-se contra o apagar da luz.
[...]
Embora os sábios, ao morrer, saibam que a escuridão é o certo
Porque suas palavras não provocaram centelhas, eles
Não entram docemente naquela boa noite.
[...]
Penso sem parar, não entre docemente, não entre docemente, não entre docemente. Só quando estou quase no topo da colina é que a ficha cai: há uma razão para não terem guardado este poema.
Este poema diz que é preciso lutar."

Página 66.
A princípio, se tem a impressão de ser um lugar perfeito, longe das doenças, como câncer, daltonismo, gripe e o que mais você quiser, há muito erradicadas. Mas acontece que o Governo controla tudo, absolutamente tudo. Até que idade é possível ter filhos, com quem você deve se casar, onde você deve morar, tudo isso pensado para que as crianças nasçam e os cidadãos sejam o mais saudável possível.

"Eles nos controlam. Algumas pessoas sabem como plantar alimentos, algumas sabem como colhê-los. Algumas sabem processá-los. Outras, cozinhá-los. Mas ninguém sabe fazer tudo. Não sobreviveríamos sozinhos."
Página 194.

Cassia, a personagem principal é uma adolescente comum. Tudo que ela anseia no começo do livro é que seu Banquete do Par chegue logo. Ela quer saber quem será o homem com quem passará o resto da sua vida, terá filhos e será feliz. Quando o tão esperado dia chega, ela está nervosa, mas esse sentimento passa quando ela descobre que seu Par é também seu melhor amigo, Xander.

Após a revelação do Par, cada um dos adolescentes recebe um microcartão contendo todas as informação relevantes sobre o futuro amor da sua vida. Mas para Cassia e Xander é algo dispensável, afinal quem poderia conhecer melhor Xander do que sua melhor amiga? Mesmo assim, Cassia resolve descobrir o que foi colocado dentro dele. Eis então que ela é surpreendida pela imagem que aparece no lugar do rosto do seu melhor amigo. É nada mais, nada menos do que o rosto de Ky.

Ky faz parte do grupo de amigos de Cassia e Xander também, mas o que ela viu no microcartão estava errado, precisava estar errado. Xander foi anunciado no dia do Banquete, deveria ser a foto dele no cartão. E é aí que a Sociedade entra em ação, dizendo que tudo não passou de um erro. Mas não adianta, a semente da discórdia já foi plantada.

Cassia é uma personagem forte, porém marcada pela crescente dúvida entre o homem escolhido para ser seu Par e um homem completamente errado, que apareceu no seu microcartão por acaso - ou não. Ela começa o livro sendo apenas mais uma entre as muitas pessoas comandadas pelo Governo, mas com o passar do tempo ela evolui, ela passa a entender melhor o mundo que a cerca e a vida que leva dentro dos murros criados pela Sociedade.

Xander é o típico mocinho amigo de todos. Mas não é irritante, não mesmo. Ele consegue ser cativante e apaixonante nas primeiras páginas, quando ainda é só o amigo da Cassia. E passa a ser melhor ainda quando descobre quem deverá ser o amor de sua vida em um futuro próximo.

Já Ky me passa a impressão de que, se a Sociedade não fosse tão igualitária, seria o bad boy da história. Com seu jeito misterioso de ser, começou o livro sendo o personagem mais odiado, mas ao longo da leitura aprendi a gostar dele.

O final, como já é de se esperar, afinal Ally Condie escreveu uma trilogia, tem gancho perfeito para uma continuação, apesar de finalizar bem a história que deveria ser contada em Destino.

Não sou muito de comentar sobre as capas dos livros, mas preciso dizer que não poderia haver capa mais perfeita para Destino. Desde a cor do vestido da garota presa dentro da esfera, até a mensagem passada pela foto no geral. É com toda certeza, a capa ideal.

"Aperfeiçoaram a arte de nos dar só a liberdade suficiente. Suficiente para que, quando estamos a ponto de morder, nos ofereçam um ossinho e então rolemos, de barriga para cima, à vontade e saciados, como um cão que vi uma vez, ao visitar meus avós nos Campos. Tiveram décadas para aperfeiçoar isto: por que estou surpresa quando acontece comigo seguidas vezes?"
Página 163-164.



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