12 de mai. de 2014
Todo dia
David Levithan
Editora: Galera Record
Ano de Publicação: 2012
Tradução: Ana Resende
ISBN: 9788501099518
N° de páginas: 277
Comprar: Submarino
Nota: ♥♥♥♥♥ (5/5)
Sinopse:
Toda manhã, A acorda em um corpo diferente. Não há qualquer aviso sobre quem será ou onde estará em seguida. De menina a menino, rebelde a certinho, tímido a popular, saudável a doente; A precisa se adaptar.
Já se acostumou com isso e até criou algumas regras para si. Primeira: nunca se apegar; segunda: jamais interferir. E tudo corre bem... até que A desperta no corpo de Justin e conhece sua namorada Rhiannon.
A partir desse momento, as regras pelas quais tem vivido não fazem mais sentido. Porque, finalmente, A encontrou alguém com quem quer ficar; dia após dia, todo dia. Mas como esperar que uma pessoa que sempre viveu uma vida normal possa entender a realidade de A? Ou até mesmo acreditar nela?
Enquanto lutam para se reencontrar a cada 24 horas, ambos precisam enfrentar seus próprios demônios, superar suas limitações e redefinir suas prioridades. Rhiannon conseguirá ficar com alguém que muda a cada dia? E até onde A acha justo (ou ético) interferir nas vidas de quem habita? Mas, principalmente, o amor pode mesmo vencer qualquer barreira?
No primeiro dia de A que acompanhamos, A está no corpo de Justin, um adolescente meio badboy, meio drogado, e por ser um dia de semana, nada mais óbvio do que se levantar e ir para a escola. Lá ele conhece a namorada de seu "hospedeiro", Rhiannon, e resolve lhe dar um dia diferente. Os dois dirigem até a praia, onde passam o dia conversando e namorando; Porém, A não percebe, pelo menos não no começo, que mudou a vida de Rhiannon completamente.
Ela estava acostumada a um namorado duro e insensível, e de uma dia para outro, encontrá-o com atitudes completamente diferentes. Justin, apenas naquele dia, faz coisas que jamais fez por Rhiannon em todo o tempo que namoraram, mas ela não ousa dizer isso e possivelmente acabar com todo o encanto. O que ela não sabe é que, no dia seguinte, Justin voltará a ser apenas o velho Justin.
Não foi só Rhiannon que foi modificada com a presença de A no corpo de Justin. A também se sente diferente. Pela primeira vez em toda a sua vida, tem alguma coisa na qual se conectar. Começa então uma jornada diária para encontrar Rhiannon e tentar convencê-la de que A é A, independente do exterior.
Talvez você tenha reparado, que na maior parte do tempo evitei o uso de palavras que possam determinar o sexo de A, mas essa é uma peça chave do passado do personagem: nem ele/ela sabe. A é uma figura mutável, e se adapta ao ambiente e ao corpo do dia, apenas escolheu se chamar A para ter um resquício de identidade pessoal, já que a cada dia é uma pessoa diferente.
A narrativa foi a primeira coisa que chamou minha atenção quando comecei a ler Todo Dia. A forma como livro foi separado, não em capítulos, mas por dias - que de certa forma são capítulos, mas tudo bem - faz com que a leitura flua melhor, já que a maior parte deles são bem curtinhos, e a história de "só mais um capítulo antes de dormir" dura a noite inteira, até que chegue a última página e o leitor fique com gostinho de quero mais.
As melhores partes - pelo menos para mim - foram as mais emocionantes - no sentido de tristes mesmo. Como A não sabia nunca em que corpo iria acordar, cada dia era uma caixinha de surpresas. E em alguns desses dias, A não acordava em corpos digamos, agradáveis. E justamente nesses dia, que seu "hospedeiro" passava por um dia ruim, era onde tínhamos ampla visão da profundidade da história. Não se trata apenas de mais um romance impossível adolescente, pois A, em apenas um dia pode experimentar um pouco do que seria uma vida normal, uma vida meio conturbada ou ainda uma vida completamente dilacerada.
Diferente da maior parte do YAs por aí, é difícil e fácil ao mesmo tempo se identificar com A. A nunca é uma mesma pessoa duas vezes, sendo assim praticamente não tem nada que identifique o personagem como sendo um ser humano comum. Porém, talvez seja essa a intenção do autor, já que os adolescente da mesma idade de A - entre 16 e 18 anos - tem a mesma dificuldade de se encontrar, de saberem quem realmente são e o que realmente querem.
Sendo assim, foram necessárias várias semanas de reflexão para que eu conseguisse chegar a uma opinião definida sobre Todo Dia. O final é, por falta de palavra melhor, doloroso. Com o coração partido e lágrimas nos olhos é difícil pensar com clareza. E por vários dias fiquei relembrando a narrativa, até que consegui chegar a uma nota digna: Não poderia ser diferente de 5 estrelas. Simplesmente leia, mas prepare uma caixa bem grande de lenços, pois chorar é meio que inevitável.